sábado, 19 de abril de 2008

Fotogramas de memórias conceituais.


"pessoas perdendo a
dimensão das
coisas
falando do tempo
quando
faltam
palavras
(pessoas se perdem
no tempo das
coisas
o tempo calado
trabalha as
pessoas)"

(Douglas Salomão)
Aí, nesse fotograma, da esquerda para a direita, Ana, Suely, Fernando (Tapinha), Marcelo (Paizinho de Ibiraçu) e eu ouvimos o poeta Luis de la Mancha (Le Padre), na extrema esquerda, tentando, com a mão esquerda, capturar a coisa que a palavra suscita, mas sempre espanta.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

ZEPHYRUM OU ÂNGULO RASO.


Li pela terceira vez o livro Zero, de Douglas. Ali se pode tocar sua poesia, expressar-se com ela, numa cena especular, visualizando os caligramas, refletindo-se no espelhismo ou promovendo uma aletria hermenêutica, com as manchas ópticas de um letrismo, muitas vezes versilibrista. Sua escrita é provisória, posto que tudo que por meio dela fica, nela falta. No entanto, dir-se-ia: – ah, o homem tem-se pelos retratos. Mas o que serão retratos? Achar-se-á alguém retratado, mesmo que se reflita num espelho? Retratos e espelhos são como os retalhos do tempo (SALOMÃO, 2005, p.23), pondo em movimento apenas os fotogramas de uma sensação conceitual.

Palavras-chaves: poesia, signo, arquitetura.

Falarei sobre sua poesia em junho, num congresso de Literatura capixaba, na Ufes. Até lá, recomendo que o leiam.

domingo, 6 de abril de 2008

A lei do desejo (ou Flórida Shopper pós-moderna)


LA LEY DEL DESEO é um filme de Almodóvar que expõe os quereres em seus conflitos, harmonias e contradições. A lei que impera é a da solução de continuidade ativa, semelhante ao teorema da relatividade que regula as ondas. Estas, tão logo nascem, erguem-se, dissipam-se e se sucedem por outras, afirmam o cenário de uma perene descontinuidade, assim também se afirma e se nega a fome de sexo entre o seres, cujo produto se obtém de uma análise combinatória entre o número de gêneros das máquinas desejantes que se puderem equacionar entre o personagens da película.


Recomendo-a, mas só se você puser a máscara da cultura, porque esse não é um filme para burros, preconceituosos, reacionários e conservadores. Os primeiros não o entenderão; os segundos, se ofenderão; os terceiros serão massacrados, posto que aquilo que escondem de si o filme o expõe e o discute; e esses últimos serão emulados, porque verão que não são os únicos que sentem tais coisas, pois há concorrência na praça para todos os desejos.


Advirto-os, no entanto, que até nosso amigo Paizinho de Ibiraçu (que quer dizer pau gigante) comprou viu e elogiou o filme (claro, não teve peito p'rá entrar no cine universitário e vê-lo, mas já não há uma progressão aí?). Sinal dos tempos (de inteligências e verdades tropicais? Viva Caetano!).
Ah, a foto, colhi-a aleatoriamente na rede. É um pastiche do hiper-realismo pós-moderno de Duane Hanson.