LA LEY DEL DESEO é um filme de Almodóvar que expõe os quereres em seus conflitos, harmonias e contradições. A lei que impera é a da solução de continuidade ativa, semelhante ao teorema da relatividade que regula as ondas. Estas, tão logo nascem, erguem-se, dissipam-se e se sucedem por outras, afirmam o cenário de uma perene descontinuidade, assim também se afirma e se nega a fome de sexo entre o seres, cujo produto se obtém de uma análise combinatória entre o número de gêneros das máquinas desejantes que se puderem equacionar entre o personagens da película.
Recomendo-a, mas só se você puser a máscara da cultura, porque esse não é um filme para burros, preconceituosos, reacionários e conservadores. Os primeiros não o entenderão; os segundos, se ofenderão; os terceiros serão massacrados, posto que aquilo que escondem de si o filme o expõe e o discute; e esses últimos serão emulados, porque verão que não são os únicos que sentem tais coisas, pois há concorrência na praça para todos os desejos.
Advirto-os, no entanto, que até nosso amigo Paizinho de Ibiraçu (que quer dizer pau gigante) comprou viu e elogiou o filme (claro, não teve peito p'rá entrar no cine universitário e vê-lo, mas já não há uma progressão aí?). Sinal dos tempos (de inteligências e verdades tropicais? Viva Caetano!).
Ah, a foto, colhi-a aleatoriamente na rede. É um pastiche do hiper-realismo pós-moderno de Duane Hanson.