segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Pastiches, paródias, paráfrases: língua em ritmo de só xote.


Estavam sempre juntos, no mesmo sintagma, o substantivo e o artigo. Concordavam em tudo, dizia-se. Aquele, às vezes masculino, às vezes feminino, às vezes plural, era bem experimentado nas proposições da língua. Este, sempre determinante, tinha, em certos contextos, algo bem definido de feminino, singular; noutros contextos mudava de gênero, porque agora, amor, a barra é a concordância. Jovem, é vero, ma non tropo, exibia também seu status de predicado nominal.

Ingênua, fonêmica e silábica, o artigo, porém, precedia. O outro, um sujeito oculto, com amplos vícios de linguagem, era figura fácil em leituras e filmes ortográficos. Nesse sintagma em que serviam à língua, era esta a situação: os dois sozinhos, num contexto de frases verbais eram quase invisíveis. E serviram-se dessa discrição.

O artigo libertou-se das reticências, e permitiu ao substantivo uma ligeira cópula num pequeno índice. Era uma situação condicionante para provocar alguns sinônimos. Ambos já estavam bem, entre parênteses, quando, nesse período, o sujeito, usando-se de flexões verbais, e entrou com o determinante em seu aposto.

Ali, acionariam um vocalize, e ouviriam uma fonética clássica em Ré maior, enquanto se preparavam duas parataxes duplas para ele e um hiato com gelo para ela. Conversavam, sentados num vocativo. Ela, periférica, deixava; ele, com um sintagma adverbial, propôs um imperativo. Se os demais termos os vissem ali, diriam que aquilo acabaria num transitivo direto.

Ela tremia de vocabulário; ele sentia o próprio ditongo crescente. Uniram-se numa sintaxe de colocação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Nessa ênclise, ela confessou que ainda era vírgula. Ele, escandindo a prosa, sugeriu umas e outras soletradas em seu verso dela. Ela concedeu-o; estava oxítona e monossilábica aos apelos dele. Então, com duplo consentimento, partiram para uma cópula comum de dois gêneros. Entre parônimos homônimos homófonos e heterográficos, cavalgavam.

Um e outra ficaram nessa próclise. Com seu predicativo do objeto, o substantivo harmonizava-se com a regência. Nessa posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela comportava-se como um agente da passiva; ele, na ativa, todo proparoxítono, sentia o poder de intercalar que tinha o seu travessão, forçando aquele hífen.

Nisso, outro sintagma se ouviu: era o verbo auxiliar do período. Ele percebera o arranjo e entrou dando conjunções e adjetivos a um e a outro, que se encolheram gramaticalmente, cheios de locuções e exclamativas. Mas, vendo o jovem artigo em prosódia átona, o verbo auxiliar reduziu seus termos e declarou seu particípio na frase.

Vendo que isso era melhor que uma metáfora por todo o período, eles consentiram que o verbo mostrasse seu adjunto adnominal. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto (um ibiraçu!). Aproximando-se com aquela maiúscula, aquele predicativo do sujeito apontava para seus objetos. Comparando o icto do substantivo com seu tritongo, propôs uma mesóclise à trois nestas condições: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria o gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

A cópula tendia ao bitransitivo, engastando um objeto direto, outro indireto. Assim, assentaram ponto de exclamação ao ensaio, sem dispensar o uso do trema no “u”, fiéis à língua portuguesa, o verbo auxiliar, o substantivo e o artigo feminino, dispostos em conjunção coordenativa sindética, “e e e”, i. é., mais rizomáticos que radicais.