sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

MEMÓRIAS E ESTÓRIAS-COBERTURAS NAS TRAMAS DUM FALSO MENTIROSO


(Pagu, a cadela Dog alemã do Sul, aos 3 meses)


RESUMO

Estudo do romance O falso mentiroso: memórias, de Silviano Santiago, pelo viés da autoficção, a fim de ler o abalo das noções de original, cópia, verdade e sujeito, associados às ideias de autor, personagem e narrador na literatura contemporânea. Um caminho para se chegar a isso é a vinculação do título desse romance ao conceito de estória-cobertura (mentira útil), circunscrito aos paradoxos das linguagens veiculadas pelo crime e pelos aparelhos de segurança estatais, em cujas estruturas a ficção constitui uma estratégia vital para o sucesso de seus empreendimentos. Outro caminho é aproximar esse romance de pensadores como Lejeune, Agamben, Foucault, Barthes, Klinger, Miranda, Figueiredo, Studart e o próprio Santiago, para subvencionar a leitura duma escrita de si que associa autor e personagem como um gesto da escrita, sem igualá-lo ao narrador que se enuncia na escrita. Os resultados vislumbrados aqui indicam que as estratégias de dissimulação das estórias-coberturas são recorrentes noutras narrativas e personagens de Silviano Santiago, como se lê nas performances dos agentes da esquerda e da direita do romance Stella Manhattan e noutras obras, fornecendo uma visão dos paradoxos sobre a construção da própria literatura.

Palavras-chave: narrativa contemporânea, estória-cobertura, morte e retorno do autor e autoficção.