sábado, 1 de novembro de 2008

ELEGANTES DEMONSTRAÇÕES MATEMÁTICAS


Aí seguem mais seis p[r]o[bl]emas para matemáticos, arquitetos e engenheiros. Não são fáceis. As respostas, eu as conheço. O que vale aqui é a resolução que cada comentarista conseguir dar a cada problema. Grato à loloshow e a contrasensocomum por resolverem o p[r]o[bl]ema número 1. Grato a todos o demais que comentaram o poema ou sugeriram algo.


2) Um casal decidiu que vai ter 5 filhos. Sem considerar as tocatas manuais e as cópulas de 1ª e 2ª leis, qual seria a possibilidade de que tivesse ao menos 2 meninos?
a) 3/5; b) 15/32; c) 1/2; d) 13/16; e) 17/20

3) Uma caixa retangular, em forma de paralelepípedo, tem comprimento, largura e altura de 600cm 360cm e 240cm, respectivamente. Para se preencher o volume desse paralelepípedo com cubos idênticos de aresta, medindo um número inteiro de centímetros, quantos cubos deveriam ser usados?
a) 26; b) 28; c) 30; d) 32; e) 34

4) O preço não-nulo de certo produto assimilou um aumento de x%; a seguir, sofreu uma redução de 2x%. Após essas alterações, o preço do produto passou a ser metade do seu valor inicial, antes do aumento. Quanto vale x?
a) qualquer valor; b) 25; c) 17√3; d) 30; e) 25(√5–1)

5) Num sistema de coordenadas cartesianas ortogonais, considere-se a reta que passa pelos pontos (0, 3) e (6, 0). O ponto dessa reta mais próximo da origem é?
a) (2, 2); b) (4/5, 13/5); c) (1, 5/2); d) (1/2, 11/4); e) (0,5, 12/5)

6) Um cilindro circular reto, com altura e diâmetro da base contendo a mesma medida, está inscrito numa esfera. Qual é a razão entre o volume do cone e da esfera, nessa ordem? (Obs.: o volume do cone, com raio de base r e altura h é ∏.r².h e o volume da esfera de raio R é 4.∏.R³)
a) 4√2/3; b) 2; c) 3√2/2; d) 5/2; e) 2√2

7) Num quartel com 1250 soldados tem-se isto: 1) todos os militares que praticam surf também praticam voleibol; 2) nenhum dos que pratica futsal também pratica surf; 3) 10% dos que praticam voleibol também praticam surf; 4) 1/3 dos praticam futsal também praticam voleibol; 5) 50 militares não praticam nem surf, nem voleibol, nem futsal; e 6) 600 militares praticam apenas futsal.

Quantos soldados que praticam apenas voleibol?
a) 230; b) 240; c) 250; d) 260; e) 270

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Pastiches, paródias, paráfrases: língua em ritmo de só xote.


Estavam sempre juntos, no mesmo sintagma, o substantivo e o artigo. Concordavam em tudo, dizia-se. Aquele, às vezes masculino, às vezes feminino, às vezes plural, era bem experimentado nas proposições da língua. Este, sempre determinante, tinha, em certos contextos, algo bem definido de feminino, singular; noutros contextos mudava de gênero, porque agora, amor, a barra é a concordância. Jovem, é vero, ma non tropo, exibia também seu status de predicado nominal.

Ingênua, fonêmica e silábica, o artigo, porém, precedia. O outro, um sujeito oculto, com amplos vícios de linguagem, era figura fácil em leituras e filmes ortográficos. Nesse sintagma em que serviam à língua, era esta a situação: os dois sozinhos, num contexto de frases verbais eram quase invisíveis. E serviram-se dessa discrição.

O artigo libertou-se das reticências, e permitiu ao substantivo uma ligeira cópula num pequeno índice. Era uma situação condicionante para provocar alguns sinônimos. Ambos já estavam bem, entre parênteses, quando, nesse período, o sujeito, usando-se de flexões verbais, e entrou com o determinante em seu aposto.

Ali, acionariam um vocalize, e ouviriam uma fonética clássica em Ré maior, enquanto se preparavam duas parataxes duplas para ele e um hiato com gelo para ela. Conversavam, sentados num vocativo. Ela, periférica, deixava; ele, com um sintagma adverbial, propôs um imperativo. Se os demais termos os vissem ali, diriam que aquilo acabaria num transitivo direto.

Ela tremia de vocabulário; ele sentia o próprio ditongo crescente. Uniram-se numa sintaxe de colocação tão minúscula, que nem um período simples passaria entre os dois. Nessa ênclise, ela confessou que ainda era vírgula. Ele, escandindo a prosa, sugeriu umas e outras soletradas em seu verso dela. Ela concedeu-o; estava oxítona e monossilábica aos apelos dele. Então, com duplo consentimento, partiram para uma cópula comum de dois gêneros. Entre parônimos homônimos homófonos e heterográficos, cavalgavam.

Um e outra ficaram nessa próclise. Com seu predicativo do objeto, o substantivo harmonizava-se com a regência. Nessa posição de primeira e segunda pessoa do singular, ela comportava-se como um agente da passiva; ele, na ativa, todo proparoxítono, sentia o poder de intercalar que tinha o seu travessão, forçando aquele hífen.

Nisso, outro sintagma se ouviu: era o verbo auxiliar do período. Ele percebera o arranjo e entrou dando conjunções e adjetivos a um e a outro, que se encolheram gramaticalmente, cheios de locuções e exclamativas. Mas, vendo o jovem artigo em prosódia átona, o verbo auxiliar reduziu seus termos e declarou seu particípio na frase.

Vendo que isso era melhor que uma metáfora por todo o período, eles consentiram que o verbo mostrasse seu adjunto adnominal. Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto (um ibiraçu!). Aproximando-se com aquela maiúscula, aquele predicativo do sujeito apontava para seus objetos. Comparando o icto do substantivo com seu tritongo, propôs uma mesóclise à trois nestas condições: enquanto abusava de um ditongo nasal, penetraria o gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento verbal no artigo feminino.

A cópula tendia ao bitransitivo, engastando um objeto direto, outro indireto. Assim, assentaram ponto de exclamação ao ensaio, sem dispensar o uso do trema no “u”, fiéis à língua portuguesa, o verbo auxiliar, o substantivo e o artigo feminino, dispostos em conjunção coordenativa sindética, “e e e”, i. é., mais rizomáticos que radicais.

domingo, 22 de junho de 2008

A elegância das demonstrações matemáticas ou 7 p[r]o[bl]emas de arquitetos, geômetras, engenheiros e poetas


RESOLVAM ISTO (CADA P[R]O[BL]EMA VALE UMA SKOL). INTERESA-ME O PROCESSO, O COMO RESOLVER. OS RESULTADOS, JÁ OS CONHEÇO. O DESENHO ILUSTRA A POESIA QUE SÃO, JUNTOS, A GEOMETRIA, O PROJETO, A ENGENHARIA E A ARQUITETURA.

1) Um triângulo (erótico) retângulo isósceles, ABC, com o ângulo reto (segunda lei) no vértice A, tem sua hipotenusa medindo 6√2cm. Posto que M é o ponto médio do lado AC de ABC, qual será, em cm, a medida do segmento BM?

a) 6; b) 3√5; c) 7/ d) 5√2; e) 15/2

sábado, 19 de abril de 2008

Fotogramas de memórias conceituais.


"pessoas perdendo a
dimensão das
coisas
falando do tempo
quando
faltam
palavras
(pessoas se perdem
no tempo das
coisas
o tempo calado
trabalha as
pessoas)"

(Douglas Salomão)
Aí, nesse fotograma, da esquerda para a direita, Ana, Suely, Fernando (Tapinha), Marcelo (Paizinho de Ibiraçu) e eu ouvimos o poeta Luis de la Mancha (Le Padre), na extrema esquerda, tentando, com a mão esquerda, capturar a coisa que a palavra suscita, mas sempre espanta.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

ZEPHYRUM OU ÂNGULO RASO.


Li pela terceira vez o livro Zero, de Douglas. Ali se pode tocar sua poesia, expressar-se com ela, numa cena especular, visualizando os caligramas, refletindo-se no espelhismo ou promovendo uma aletria hermenêutica, com as manchas ópticas de um letrismo, muitas vezes versilibrista. Sua escrita é provisória, posto que tudo que por meio dela fica, nela falta. No entanto, dir-se-ia: – ah, o homem tem-se pelos retratos. Mas o que serão retratos? Achar-se-á alguém retratado, mesmo que se reflita num espelho? Retratos e espelhos são como os retalhos do tempo (SALOMÃO, 2005, p.23), pondo em movimento apenas os fotogramas de uma sensação conceitual.

Palavras-chaves: poesia, signo, arquitetura.

Falarei sobre sua poesia em junho, num congresso de Literatura capixaba, na Ufes. Até lá, recomendo que o leiam.

domingo, 6 de abril de 2008

A lei do desejo (ou Flórida Shopper pós-moderna)


LA LEY DEL DESEO é um filme de Almodóvar que expõe os quereres em seus conflitos, harmonias e contradições. A lei que impera é a da solução de continuidade ativa, semelhante ao teorema da relatividade que regula as ondas. Estas, tão logo nascem, erguem-se, dissipam-se e se sucedem por outras, afirmam o cenário de uma perene descontinuidade, assim também se afirma e se nega a fome de sexo entre o seres, cujo produto se obtém de uma análise combinatória entre o número de gêneros das máquinas desejantes que se puderem equacionar entre o personagens da película.


Recomendo-a, mas só se você puser a máscara da cultura, porque esse não é um filme para burros, preconceituosos, reacionários e conservadores. Os primeiros não o entenderão; os segundos, se ofenderão; os terceiros serão massacrados, posto que aquilo que escondem de si o filme o expõe e o discute; e esses últimos serão emulados, porque verão que não são os únicos que sentem tais coisas, pois há concorrência na praça para todos os desejos.


Advirto-os, no entanto, que até nosso amigo Paizinho de Ibiraçu (que quer dizer pau gigante) comprou viu e elogiou o filme (claro, não teve peito p'rá entrar no cine universitário e vê-lo, mas já não há uma progressão aí?). Sinal dos tempos (de inteligências e verdades tropicais? Viva Caetano!).
Ah, a foto, colhi-a aleatoriamente na rede. É um pastiche do hiper-realismo pós-moderno de Duane Hanson.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008




O “RELIGARE”: ONIRISMO E ONANISMO MENTAL: UM DIALOGO COM O TEXTO "UNIVERSAL DO REINO DE DEUS", POSTADO POR LOUÍS EM 18 JAN 2008.

“eu perdi tudo que tinha
carro, casa e uma lavanderia
meu marido arrumou uma amante
meu filho ficou revoltado
minha filha ficou grávida de um traficante
cheguei no fundo do poço” (LUIS, 2008).

Na linguagem, constituímo-nos humanos. Há dois tipos dela: uma, histórica; outra, não-histórica. Aquela, esclerosando-se, perde seu tempo em descompasso com o movimento histórico; esta, fluida, viva e aberta, indica adventos de outras ordens. Desejos e linguagens nos habitam. Se, por um lado, a linguagem ata os desejos, por outro, os desejos libertam os signos, tornando-os vivos e fluidos. Nomear-nos seres de desejo contradiz parte da tradição filosófica ocidental que desqualificou os elementos afetivos e emotivos do existirmos. Mas não se deprecia a importância do contexto, da realidade em que nos colocamos na condição de seres históricos; tampouco se dispensam os sonhos.

Entre parangolés e patrões do mundo, os sonhos surgem e o corpo aponta para pequenas viabilidades. Por meio do corpo, descobrimos a natureza como algo nosso. Não se conhece o mundo sem o corpo. Os limites de cada corpo denotam os limites de cada mundo. Por que se vêem as estrelas, diz-se que o corpo vai até elas.

O que seria o religare diante disso? Um enigma a se decifrar? Os discursos estabelecidos não conseguiram, de forma adequada, a realização disso, mas contribuíram para sua compreensão, no entanto, ficaram aquém, quando pretenderam desvelar o fascinante fenômeno religioso.

A Pesquisa moderna viabilizou, com linguagens e perspectivas científicas, uma torrente de críticas à religião. Parecia que o fenômeno religioso, uma vez decifrado cientificamente, não sobreviveria. O novo saber que paira nestes tempos, e que já havia investigado o mundo da natureza, agora chegou ao homem, para desvelar os segredos milenares de sua constituição interna, em suas práticas sociais. Comte, Freud e Marx, cada um a seu modo, tantaram esclarecer as razões da religião e o seu finar-se. Acreditava-se que a morte da religião se concretizaria em questão de tempo.

A religião não foi bem compreendida por aqueles que se dispuseram a decifrá-la. Para entendê-la, é preciso basear-se no fato de que o homem é um ser de desejo, sonho e linguagem. O religare expressa a meta da alma solitária, constituindo uma confissão silente e inconsciente dos segredos que ali se ocultam, revelando o projeto do homem para a vida (própria e alheia).

Para Marx, o homem é um ser histórico, concreto, contendo as marcas da historicidade e de seu mundo social. As ilusões não são acontecimentos apenas subjetivos, corrigíveis pela filosofia, mas decorrências de fatores externos à própria consciência, que precisam ser suprimidos, para a superação da alienação. Em suma, a superação de certas ilusões só é possível à medida que se superem as situações que se encontram na base dessa alienação. O sofrer religioso, segundo Marx, é, simultaneamente, a expressão do pathos real e do protestar contra esse penar real; é o suspiro da criatura oprimida; o coração de um mundo sem coração, da mesma forma que é o espírito de uma situação sem espírito; "é ópio do povo". Em relação ao conceito de alienação, em Marx, a religião não deve ser simplesmente entendida como reflexo invertido da realidade, mas o ‘suspiro e o protesto’ do oprimido seriam a expressão da resistência à ordem imposta.

Tendo como solo o coração do homem, a religião, emerge a partir das dores do presente. Ela não escapa ao drama da existência humana. É preciso decifrar os sonhos de forma adequada, coisa que Freud pareceu não realizar. Segundo ele, a religião não passaria de um infantilismo, que nos faria reviver certas experiências de meninos. Sigmund Freud interpretou os sonhos individuais, mas não foi apto a compreender a religião enquanto um grande sonho compartilhado. Não empregou os instrumentos que ele mesmo criou para compreender o fenômeno religioso enquanto um sonho coletivo, assim, esse pensador moraviano acabou sucumbindo à racionalidade científica e iluminista tal como o fizera o próprio Marx. O “princípio o do prazer” suplantou-se pelo “princípio da realidade”.




Freud também descobriu que nós, contra aquilo que o iluminismo nos legara, não agimos racionalmente. Impulsionam-nos os desejos inconscientes e eróticos, que moram lá nos grotões da alma. Em vez de partir daí, para elaborar uma teoria positiva do inconsciente, como o intentaram os românticos, Freud teria concluído, com certo estoicismo moral, que o inconsciente deveria reprimir-se? Sei lá.




Indicarei uma ótima referência dessa discussão, em breve. O Cara é fera em filosofia da religião. Aguardem.

sábado, 19 de janeiro de 2008

Porque hoje é sábado, 19-01-2008


Entende-se que pensar diferente, e expressá-lo, implica a possibilidade de crescimento intelectual e pessoal, posto que quando se aprende algo a respeito de si e sobre o alheio, viabiliza-se o reconhecimento da própria ignorância.

Creditar as idéias no banco do aprendizado faculta o reconhecimento de que se pode saber mais. Mas, aí se interpõe um obstáculo à sabedoria: Tentar impor as próprias idéias, pelo simples fato de que são assinadas pelo que discursa, explicita a face do ignorante que tal falante passa a ostentar. Daí nascem as classificações: simpático, nostálgico, exibido, humilde, grosso, macho, inteligente, culto, metido, bem-humorado, generoso, descolado, deslocado, tímido, inconveniente, chato, agradável, franco, irônico, falso etc.

Tantas classificações demonstram que não se conforma com as “personae” que cada um escolhe para atuar nos diversos contextos da enunciação. Agradam-nos as convivências e as trocas simbólicas que delas advêm. Nessas interações, residem os desejos que geram os desejos. Isso se instaura sempre que um discurso se encontra com um leitor, um ouvinte ou um corpo a quem se destina uma frase, um olhar, um toque. Acredito que esse interlocutor finda e inicia o círculo do conviver. No entanto, se nós insistirmos na taxonomia dos perfis sociopsicológicos, apenas suavizaremos as máscaras de nossas torpes discriminações.

Hoje, dia 19 de janeiro de 2008, o sol brilhou muito claro porque é meu aniversário.

Parabéns a todos os meus leitores, sobretudo aos que comentam esses textos aqui: Le Caratec, Le Padre, Disguiser e Gaza. Obrigado pelo presente de ontem Gaza. Show de livro.

Obrigado, um abraço a todos. Saúde!!!