quinta-feira, 10 de abril de 2008

ZEPHYRUM OU ÂNGULO RASO.


Li pela terceira vez o livro Zero, de Douglas. Ali se pode tocar sua poesia, expressar-se com ela, numa cena especular, visualizando os caligramas, refletindo-se no espelhismo ou promovendo uma aletria hermenêutica, com as manchas ópticas de um letrismo, muitas vezes versilibrista. Sua escrita é provisória, posto que tudo que por meio dela fica, nela falta. No entanto, dir-se-ia: – ah, o homem tem-se pelos retratos. Mas o que serão retratos? Achar-se-á alguém retratado, mesmo que se reflita num espelho? Retratos e espelhos são como os retalhos do tempo (SALOMÃO, 2005, p.23), pondo em movimento apenas os fotogramas de uma sensação conceitual.

Palavras-chaves: poesia, signo, arquitetura.

Falarei sobre sua poesia em junho, num congresso de Literatura capixaba, na Ufes. Até lá, recomendo que o leiam.

11 comentários:

Luis Eustáquio Soares disse...

e aí, paulo, o incorporador de presentes capixabas... não me esqueci que te devo um livro, camarada.
meu abraço, e um convite,
luis de la mancha

arquiteliteraturas disse...

Não me esqueci nem da dívida, nem da divertidíssima festa que se desenrolou durante e após seu lançamente de livro.

A gente se lê. Até mais!

Sandra Fonseca disse...

É um prazer ler texto tão brilhante falando de poesia, imagino então numa palestra...
Adorei seu blog, dos mais inteligentes que encontrei.
Um abraço.

arquiteliteraturas disse...

Obrigado, Sandra. Fui a seu blog ver de onde vinham palavras tão simpáticas. Olhei, li e vi que vêm de uma poeta. Portanto, posto que você falou de si mesma, tomo suas palavras e, com prazer, lhas devolvo: "adorei seu blog, dos mais inteligentes que encontrei".

Grato.

chico cliche disse...

Sou aquele cuja condição de existência da-se pela interseção, não dos aromas de lavanda do sabão em pó, mas da heterogênea poeira helênica misturadas com cizas do Lácio e areias de Canaã!
Sua matéria prima são palavras-chave, a minha os lugares-comuns onde na verdade não há chavões para se entrar, muito menos ao sair, se fhecha com chave de ouro!
Saudações!

arquiteliteraturas disse...

Posto que as emissões (voláteis) conseqüentes de consumos insuspeitáveis resultam num tempo (que tem pó) e geram esse Chico Cliche átomo estatístico na nebulosa pós-moderna, ele pode ser cativo em busca da palavra que ainda não se tornou poesia, à là Drummond.

Contrasenso disse...

Sabe-se que a projeção a uma velocidade de 24 f/s (fotogramas por segundo), cria a sensação de que essas imagens, fixadas quimicamente em fita de celulóide, estariam em movimento, uma vez que, nossa capacidade cerebral não consegue processar as figuras transportadas pelo nervo ótico como fotografias distintas, dada a freqüência de repetição das mesmas. Logo insistidas na visão nosso cérebro tende a fazer uma mixagem das imagens seqüenciadas causando o engodo de movimento natural.
Há quem prefira o tal deslizamento ambíguo entre sono e vigília. Ou cochilos mesmo; e não prestar atenção na película que se desenrola.

Luis Eustáquio Soares disse...

salve, paulo, e sua avidez de um presente de ágoras de agoras, que retorno no entorno de suas arquiteturas.
meu abraço,
luis de la mancha.

arquiteliteraturas disse...

Contrasenso e Luís Eustáquio Soares, fantasias de minhas epifanias diurnas, seus comentários sempre ensaiam algo a deixar de traço duro aquele que se alimenta das sutilezas e das inteligências que emanam de suas palavras.

Afinal, a imagem da coisa em movimento parece aquela mentira que nossa vaidade quer: linhas de fuga em projeção CONicaA, sem a homologia do plano?

Contrasenso, geometria de Mongeana é com vc e Le Padre, com frades nesses com ventos.

Grato aos dois.

Anônimo disse...

Olá, Paulo, tudo bem com você?!!
Fiquei muito entusiasmado por saber que o Zero tem proporcionado comentários tão curiosos. Gosto de pensar a palavra para além do espaço do texto. A quebra do signo para gerar um outro, hifenizações bruscas, variação tipográfica, caligramas, deslocamentos, entre outros, possibilitam um outro olhar para o que está escrito – um espaço para se pensar o que se processa por trás da escrita. Mas isto não é regra. São apenas sintomas, sintonias, sinais: tudo em desamparo, às vezes, pairando em outro chão. Um estado de triz. Um tempo que quando quase ainda é pouco. Entre o entre. Entre.

Abraços, Paulo,
Boa semana,
Douglas Salomão

arquiteliteraturas disse...

Quanta honra essa visita do próprio poeta em apreço aqui no nosso Blog!!! Obrigado, Douglas, que se porta elegantemente até nos comentários. Isso certamente me ajudará a tecer as críticas na minha comunicação do dia 12-06-2008, às 14h, na Sala Guimarães Rosa, no Prédio Bernadete Lyra.
É isso aí!