quarta-feira, 24 de março de 2010

RILDO ao sol: toque em lá, com a terça no baixo.

Cá e lá, ontem e hoje, em quatro estações, um
"Abacateiro, será meu parceiro solitário nesse itinerário [...]".
Rolda-se, aos ventos, o limite arquitetônico (conforto em domus),
Là bas, le champ labouré, ici les maisons, que, sempre,
Ont le parole, que não domina nem consome as rixas,
Sobretudo acerca do lugar incomum do catre fixo em ciclos.



Reitere-se que pi não fecha o anel, nem o rompe; tangencia
O recomeço das eras, na paciência do vento:
Buril das montanhas, cujo tempo tem pó.
Enquanto se segam ósculos e se enrolam línguas,
Racionalizam-se as barras do viver na ponta da fruta silvestre.
Tudo, vai dar pé? Se não, traça-se, pela prosa e pelo verso,
O outono tocando as pontas do equinócio, nessas águas de março.



Rios e rizomas metaforizarão a cópula e a conjunção dos copos
Outorgando nexo complusivo aos fins de manhã, tarde, noite...
Leaft na vida, assim, de roldão,
Delineia-se o fim desse interagir repedidamente, no entanto,
"Ínclita geração, altos enfantes", voltamos ao solstício de verão e...

LORDI, Corsal Er Robot. O pacobá compulsivo. Vitória: Edsimesmo, 2008.


TER A PIA DO BOTECO? Em CLAROS enigmas, TER O ROB do mote, DIR-LO- ia

Pacová. [do tupi-guara.=’folha que se enrola’]. Substantivo feminino. Brás. L. a AM. Bot.: Grande erva rizomatosa da família das zingiberáceas (Renealmia exaltada), do interior da floresta pluvial, com folhas muito amplas, flores vermelhas, e cujos frutos são cápsulas que produzem sementes dotadas de odor aromático semelhante ao do cardamomo ao qual podem substituir. Cana-de-macaco (orangotango). (Aurélio, versão 6.0). Capixabês: pacobá.

Agrada-me o vocábulo, mas isso é nada (paragrama saussuriano?). O mote não é primo, e já não compilo ofensas. Se meu próximo irar-se e advertir-me de que não me ama mais, não o punirei; tampouco o coagirei, a fim de que mo desdiga na cara. Não o enviarei à ponte que se partir nem direi que procure alguém distinto. Também não subirei à tribuna, para ordenar-lhe pragas. Ele é livre para me odiar, no entanto sei que me quer bem. Tal saber não está no obstar o sofrer, mas, sim, no não se desviar dele.

Relações já se desfizeram porque uma pessoa disse à outra que acabou, que não volveria mais. E ninguém cedeu, não insistiu nem inquiriu de novo. E gastaram o tempo assim, para provar aquilo que um e outro desperdiçaram, confirmando o dano irremediável de suas frases. Aterrem-se nossas crueldades, para se velarem as injúrias! Ofertemos a nosso par a igual capacidade que temos de nos absolver. Assim, encobrir-se-ia ampla fração de nossos pepinos (no bom sentido). Nossos rivais descendem de teimas.

Repreendemos com a taciturnidade a quem nos ama; supliciamos com silêncio a quem presumimos que nos quer bem; somos frios com quem depreendemos que nos preza, tudo isso, por uma declaração dita na complexidade irrestrita da convivência. Não vale o que se gozou antes; isso se expedirá como um boleto bancário de um grito, uma obscenidade, uma imprecação. A cobrança será infinda, mesmo que seu sentido tivesse sido provisório, peculiar do desafogo, de um instante desafortunado.

Não há dor estoica e teatral; o páthos declara-se do jeito errado e do modo incorreto. Por que não perdoar? A contenda é um desespero; nela, não se sobressaem agrados e elogios. No entanto, fingimos que é calúnia e desacato. Mais fácil odiar do que trabalhar as próprias limitações e as alheias.

A boicotagem instrui pelo martírio? Quiçá, sim, mas da pior forma, pois honra o castigo e se estima uma vingança. O ideal seria apartar-se um pouco, a fim de se pensar sobre o que produziu a discórdia. O boicote é um suplício mútuo, posto que ambos percam a perspectiva de fundar uma intimidade maior e mais nobre.

A dicção engoda, expede, e o corpo suplica um abraço. Busque-se o gesto: esse elemento extralinguístico que se pendura na palavra. Mire-se nos rios: eles indicam a importância do que é tortuoso. Seguem a natureza astuta da água, mas sempre levam a alguma margem... Nem que seja a terceira.

É no litígio que exibimos nossa criatividade. Repetimos clichês, sumimos, para impor uma lição ou surgimos com alguém, para humilhar ou fingir que nada sentimos. Reiteramos as convenções, salvaguardamos a vaidade e nos inquietamos com a honra mais do que com a “coleta relação”. Chamamos de desleixo a falta de cuidado com o que se disse, reivindicamos sensatez e impomos a rigidez de nossas razões, para expor o quanto somos fidalgos, coesos e constantes.

O aparte deriva de motivos; a reconciliação, não. O bem-querer sempre se apura em dar outros lances (coups de dês). O esmero é cuidar do erro. Não há primor sem emprego da borracha e da reescrita.