terça-feira, 3 de maio de 2011

A SEMANA PASSADA NUM DORMITÓRIO DO PARQUE MOSCOSO: UNE MAISON DE RENDEZ-VOUS

MUNIZ, P. ;THOMPSON, A.; CAPANEMA, D.; FERRARI, P.

Relatório de pesquisa realizada entre as prostitutas do Parque Moscoso (centro de Vix-ES) pelo método de observação participativa, da Escola de Chicago, apresentado à Disciplina Sociologia Urbana, ministrada no Centro de Ciências Humanas e Naturais da Universidade Federal do Espírito Santo, em 2005, como requisito parcial para obtenção de créditos nessa disciplina, para a grade curricular de Arquitetura e Urbanismo.
Orientação: Profª. M. Guizardi

SUMÁRIO

1 PREPARAÇÃO..........................................................................................3
2 PRELIMINARES........................................................................................4
2.1 PERCALÇOS DO TRABALHO DE CAMPO..........................................5
2.1.1 Riscos de um pesquisador participativo clandestino.......................... 5
2.1.2 Introdução num bar do Parque Moscoso...........................................7
2.2.INFORTÚNIOS DE UM MEMBRO COMPLETAMENTE IMERSO....8
2.3.NO MENU DE SERVIÇOS, O ORAL PARA ALÉM DO RELATO........9
2.4 CONCLUSÃO: FOI BOM PARA TODOS?.........................................14
6.REFERÊNCIAS
.....................................................................................16


1 PREPARAÇÃO

Uma pesquisa de campo à moda da Escola de Chicago avalia o fim da primeira unidade de nosso contagiante curso de Sociologia Urbana. Para realizá-la, decidimos infiltrar um componente de nosso grupo, a fim de fazer uma pesquisa participativa no Parque Moscoso, centro de Vitória, com prostitutas que flutuam pela região.

Nossa decisão decorreu de três motivos: primeiro, a prostituição constitui um evento social que interessou à Sociologia empírica da Escola de Chicago. Exemplificam-no, as pesquisas sobre “[...] as dançarinas profissionais[...]”, realizadas por Cressey, em São Francisco, EUA, em 1932 (COULON, 1995, p. 105). O segundo motivo se deve à sugestão do P. Muniz, que disse conhecer a região, por isso, à moda de Anderson, não se sentiria muito “[...] fora do lugar em que [conduziu] a [nossa] investigação” (COULON, 1995, p. 104). O terceiro é de ordem operacional mesmo: com 7 disciplinas para cursar, temos “livres” apenas as sextas-feiras pela manhã. Numa dessas manhãs, realizamos essa tarefa.

Propusemo-nos a conhecer parte do mundo de referência da prostituição pelo ponto de vista de quem a pratica e de quem a ela recorre em busca de serviços. Assim, elegemos a entrevista aberta, a fim de que a depoente expusesse sua história de vida. Agregamos a isso o relato etnográfico obtido pelo processo dialógico.


Nesse processo, nosso convívio, por questões operacionais, foi obtido por apenas um pesquisador (o P. Muniz), durante uma curtíssima permanência no ambiente pesquisado: 3h30min duma manhã de sexta-feira, nos arredores do Parque Moscoso (centro de Vix-ES). Por isso, o relatório enfoca mais os procedimentos de pesquisa que os depoimentos, que foram poucos.

Planejamos nossa tática de abordagem em quatro etapas: 1) contato visual com o campo de trabalho e discussão sobre o tema; 2) infiltração para interação prática direta e coleta de depoimentos; 3) levantamentos fotográficos; e 4) redação de relatório.


As tarefas de cada etapa foram assim distribuídas: para reconhecer o campo e discutir o tema, participaram todos os componentes do grupo; para infiltrar-se na região, a fim de coletar depoimentos, escalamos o P. Muniz; para o levantamento fotográfico, a A. Thompson, o D. Capanema e a P. Ferrari; e para a redação e digitação do relatório, todos contribuíram.


Mantivemos o relato interpretativo na primeira pessoa do plural; e os depoimentos da prostituta entrevistada, na primeira do singular. Este trabalho começará pelas preliminares, a seguir.


(O texto na íntegra será disponibilizado posteriormente).

OS MUROS TÊM A PALAVRA: NOTAS DE UM DIÁLOGO ENTRE ARQUITETURA E LITERATURA NOS DOMÍNIOS DA ESCRITA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo do Centro de Artes da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para a obtenção do grau de bacharel em Arquitetura e Urbanismo.


Orientador: Professora Doutora Clara Luíza Miranda.

Coorientador: Professor Mestre Ernesto Pachito



RESUMO

Diálogo entre os olhares da Arquitetura e da Literatura para os muros, nos orbes de referências móveis de textos variados: poéticos, históricos, arquitetônicos, filosóficos, lingüísticos etc. Viabilidades de percursos e permanências do homem que nomeia um lugar próprio no mundo, e aí mura e mora. Trânsito da escrita à arquitetura e da arquitetura à escrita, em que se urdem possíveis colóquios entre o propínquo e o longínquo, na superfície abaulada do banal e nas dobras da hierarquia. Sugestão de que nos espaços contingentes, delimitados pelos muros, ora se interdita o tráfico que possibilita as tangências e as travessias entre as solidariedades estranhas e as trocas efetivas, ora se liberam as demandas rivais e letais entre as profusões das pluralidades confusas e as ordens fugidias. Descrição de uma Literatura arquitetando-se em face do leitor que a escreve no ato de sua leitura, e de uma Arquitetura escrevendo-se diante do residente que dá sentido à habitação no momento em que dela se apropria e a transforma. Leitura d’O muro literário, de Jean-Paul Sartre, inscrito no prelúdio que anunciava a Segunda Guerra Mundial (a Guerra Civil Espanhola), mas apontando para o passado e o futuro, nos quais se tecem os enredos do homem desterritorializado sobre o solo. Mas seria aí, no contato com o húmus, que se imaginariam saídas e entradas como estratégias para enfrentar o horror potente e metafórico do Minotauro.

Palavras-chave: Muro. Arquitetura e Urbanismo. Cidade. Literatura. Escrita. História.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

LITERATURA E TRADUÇÃO: TRAIÇÃO, TRADIÇÃO E CONTRADIÇÃO


Estudo de três questões pertinentes à Literatura e à tradução: traição, tradição e contradição. A tradição encena a traição com estes epigramas, um italiano e outro francês: traduttori, traditori e belles infidèles. Mas o que eles traduzem? Como o fazem? Que valores traem? A contradição põe a tradução entre a intuição prática – destituída de teoria e reflexão específica – e a pluralidade de textos que a coloca nos domínios da religião, da filosofia, da literatura, da metodologia e da ciência. Reflexão acerca da teoria da tradução no âmbito literário, de suas poéticas, que balizam a crítica pertinente às várias faces do traduzir. Enfoque no exame da tradução de obras literárias, pelo viés da Tradutologia como possibilidades de “pensamento-da-tradução”, reflexão, ensino e outras possibilidades, concedendo à prosa criativa e à poesia o mesmo regimento estético. O procedimento de pesquisa será a análise e a comparação de textos, com um breve cotejo dum excerto original, de Hamlet, e suas traduções à luz da leitura de escritos teóricos, tendo como foco central os textos de Antoine Berman. Em nível de conclusão, aponta-se que a maioria das traduções se estabelecem técnica e artisticamente, avalizando a tradição, mas, com as críticas modernas a elas dirigidas, tendem a confrontar-se com suas traições e contradições, sair da zona de conforto e se afinarem com os valores da experiência e da reflexão.


Palavras-chaves: Literatura. Linguagem. Tradução.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

MEMÓRIAS E ESTÓRIAS-COBERTURAS NAS TRAMAS DUM FALSO MENTIROSO


(Pagu, a cadela Dog alemã do Sul, aos 3 meses)


RESUMO

Estudo do romance O falso mentiroso: memórias, de Silviano Santiago, pelo viés da autoficção, a fim de ler o abalo das noções de original, cópia, verdade e sujeito, associados às ideias de autor, personagem e narrador na literatura contemporânea. Um caminho para se chegar a isso é a vinculação do título desse romance ao conceito de estória-cobertura (mentira útil), circunscrito aos paradoxos das linguagens veiculadas pelo crime e pelos aparelhos de segurança estatais, em cujas estruturas a ficção constitui uma estratégia vital para o sucesso de seus empreendimentos. Outro caminho é aproximar esse romance de pensadores como Lejeune, Agamben, Foucault, Barthes, Klinger, Miranda, Figueiredo, Studart e o próprio Santiago, para subvencionar a leitura duma escrita de si que associa autor e personagem como um gesto da escrita, sem igualá-lo ao narrador que se enuncia na escrita. Os resultados vislumbrados aqui indicam que as estratégias de dissimulação das estórias-coberturas são recorrentes noutras narrativas e personagens de Silviano Santiago, como se lê nas performances dos agentes da esquerda e da direita do romance Stella Manhattan e noutras obras, fornecendo uma visão dos paradoxos sobre a construção da própria literatura.

Palavras-chave: narrativa contemporânea, estória-cobertura, morte e retorno do autor e autoficção.